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Passei a manhã limpando minha casa. Tantas garrafas vazias e piolas de cigarro. Levou basicamente toda a manhã. Estava tão ocupado limpando a maldita casa, que não bebi nada. Naqueles dias era muito, muito raro isso ocorrer. Perto de duas da tarde sai para comprar os ingredientes do jantar. Creio que ainda lembro o que fiz para o jantar. Nhoque. De sobremesa um pavê. Lógico que botei um vinho dos melhores. Para as crianças tinha refrigerante. Não podia esquecer delas.
À noite eu estava ansioso. A hora marcada bateu e nada deles chegarem. Passou horas e horas e eu comecei a me embebedar. Já era perto das duas da matina quando meu telefone tocou. Era Carmem. Ela sorria de felicidades. “Magnus, meu marido apareceu vivo”. Eu não sabia o que sentir. Desliguei o telefone e bebi até não agüentar mais levantar o copo. Cai na minha sala. Bêbado. Triste. Em prantos.
Quando acordei passava das duas da tarde. Tinha quatro garrafas de cachaça vazias do meu lado. Creio que eram duas garrafas de vodka. Tinha fumado três carteiras de cigarros. Minha mente estava confusa. Eu lembrava de ter falado com Carmem. “Magnus, meu marido apareceu vivo”. Chorei novamente. Lembro que aquela tarde escrevi uma dezena de poemas. Eles eram decadentes e tristes. Como aquela tarde foi. Nublada. Nefasta. Escura. Minha vida toda foi assim. Escura. Um ou outro momento feliz, mas sempre acaba assim. Na escuridão.
Acho que por isso relendo o que escrevi vejo tanta escuridão. Lembro que minha infância foi solitária. Não diria que ela foi escura. Ela foi cinza. Nublada, mas sem chuvas. Minha adolescência foi entorpecida. Eu era um moleque poeta, apaixonado e entorpecido. Acho que gostava da idéia de ver o mundo nublado e retorcido.
O marido de Carmem apareceu de repente. Uma mistura de sentimentos mesquinhos me encheu por completo. Resolvi falar com uns amigos e saber o que eles sabiam do marido de Carmem. Maldito. Eu devia ter pessoalmente matado o canalha. Enganando a Carmem por tantos anos ele já não cuidava de esconder suas canalhices. Tentei esquecer. Porém quando o maldito foi preso e assassinado pela policia. Eu não agüentei esconder de Carmem o motivo dele ter sido preso e assassinado.
quinta-feira, março 09, 2006
Autobiografia de Magnus Corrêa e Casto - Parte VII
Postado por
Thyago C. Correia
às
13:39
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Um comentário:
e qual foi o motivo????
*finalmente voltou né?
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