Morri! Gritei ao acordar. Era noite. Meus olhos se encheram de lágrimas. Escutava um som de açoite, que me conduzia pelas vielas tristes do inferno. Olhava de lado loucamente. Era escuro. Causava medo. E o som do açoite era constante. Marcava passo sincronicamente. Tum tum. Tum tum. Parecia um coração em fúria a bater. Tum tum. Tum tum. Numa fila indiana eu andava calado. Tum tum. Tum tum. O açoite marcava passo e eu marchava para o destino cheio de dor que me esperava. Tum tum. Tum tum. O açoite era intenso, marcava passo.
Eu enxergava a dor em todos os lados. Em cima e em baixo os gritos ganidos eram escutados. Tum tum. Tum tum. Batia o açoite. Tum tum. Tum tum. O som do açoite se fixará na minha mente. Batia como um coração em fúria. Batia como um tambor sem harmonia. Batia e só batia. Tum tum. Tum tum. As lágrimas começavam a descer. Percebi meu fim terrível. Tum tum. Que açoite? Tum tum. Que açoite? Tum tum.
Morri! De súbito acordei na minha cama. Estava suado e tremia como vara verde. Os olhos arregalados procuravam saber onde estava. Meu teto parecia mais longe da cama. Levantei e fui ao banheiro. Lavei o rosto, me veio uma dor no peito terrível. Enfarto fulminante. Cai no chão do banheiro. Bati a cabeça no vaso.
Morri! Gritei ao acordar.
Thyago C Correia

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