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Eros nasceu no começo de abril. Um dos meses mais felizes da minha vida. Posso dizer tranqüilo. Eros nasceu forte. Minha Demeter fazia um ano de vida. Eros era tão lindo quando nasceu quanto foi Demeter. Nasceu com quase quatro quilos. Era forte e muito bem de saúde. Assim como quando Demeter nasceu, o quarto do Eros também já estava todo arrumado. Era azul e também tinha penduricalhos por todos os cantos. Ele era lindo. Eros Corrêa e Casto. O nome Corrêa e Casto ressoava por todos os jornais. Minha felicidade era imensa. Minha poesia fluía. Meus filhos poderiam crescer orgulhos.
Aquele foi um ano cheio de maravilhas, meu segundo romance foi publicado. “Nas águas do tempo” foi o nome que o dei. Também publiquei um livro de contos. Contando causos. E ainda um de poesia, que era meu forte. Ganhei vários prêmios pelos três livros. Meu primeiro romance virou um filme. Eu ia seguindo feliz e cada dia mais bem sucedido na literatura.
Perto de novembro, meu irmão veio morar com a família na mesma cidade que eu. Ele trabalhava com criação de software. Tinha um único filho. Que como disse antes conheceu nossos pais. Mario era o nome do meu sobrinho. Tinha sete anos. Meu irmão passou um mês num flat perto da praia, mas acabou indo morar na casa vizinha a minha. Ficamos muito unidos naquele ano. Eu já praticamente não bebi e não fumava. Ele nunca bebeu ou fumou.
Era janeiro de oitenta e sete. Fui convidado para ir dar palestras pela Europa. Parti feliz, mas a felicidade estava perto do fim. Era uma viagem de pouco menos de dois meses. Mesmo com toda a saudade que iria sentir, estava amarrado ao contrato da editora. Fui. Passado um mês meu lindo filho Eros bateu no fogão e uma panela com óleo quente virou sobre ele. Ele corria brincando pela casa. Não sobreviveu. Voltei para casa no mesmo dia. Desolado e sem a menor vontade de sorrir.
Isis estava desolada. Achava-se culpada e eu não sabia o que falar a ela. No fundo eu também achava que ela era culpada. Enterrei meu filho caçula com uma enorme tristeza. Meu irmão quem cuidou de tudo. Nem eu, nem Isis tínhamos condições de fazer coisa alguma. Nossa vida conjugal virou uma grande porcaria a partir daí. Eram brigas e mais brigas. A pobre Demeter foi testemunha de algumas delas. Isis passou a ignorá-la e eu a amava de mais pra ver aquilo.
domingo, fevereiro 05, 2006
Autobiografia de Magnus Corrêa e Casto - Parte V
Postado por
Thyago C. Correia
às
16:54
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Um comentário:
tinha que acabar né?
esse é o mal de todo poeta... essa predisposição a tragedia...
beijo bocudo
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