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Em julho de oitenta sete já não podíamos mais suportar. Nosso divorcio foi conturbado. Triste. A linda Demeter teve de assistir tudo. Isis queria um rio de dinheiro, que eu estava disposto a pagar pra ter minha Demeter. Isis ficou com a casa e com grande parte da minha conta bancaria. Sabendo do meu amor por Demeter, Isis resolveu brigar pela guarda da menina. O juiz concedeu a guarda de Demeter a Isis. Eu tinha voltado a beber e fumar como antigamente. Era comum me ver embriagado. Perdi a única coisa que me dava alegria.
Depois do julgamento eu só podia ver Demeter a cada quinze dias. Eram quinze longos dias até que eu pudesse ver Demeter. Nós saiamos para passear no parque. Íamos ao cinema. Ela tinha apenas três anos e não entendia porque eu já não morava com ela. “Pai, porque o senhor não mora mais comigo e com a mamãe”. Ela me perguntava sempre. Eu derrubava uma lágrima. “Eu e a mamãe resolvemos morar separados meu amor”. Como uma criança tão pequena poderia entender aquilo.
Isis para me fazer sofrer ainda mais resolveu ir morar em cidade distante. Não me avisou. Levou minha filha e não me deu noticias por anos. Sofri cada dia. Afoguei-me no álcool. Perdia-me nos cigarros. Eu tinha trinta e nove anos e nenhum motivo pra viver. Na verdade eu tinha, só não sabia onde ele estava. Tempos tristes e difíceis aqueles. Minha poesia ficou negra e obscura. Já não vendia como antes. Minha inspiração havia partido junto com meus filhos.
Foram anos em que a imagem de Carmem me vinha com freqüência. Em meio à dor e no meio da tristeza, a paixão por Carmem renascia com força. Habitava meus sonhos. Em uma tarde por força do acaso encontrei Carmem. Ela estava comprando pão na padaria que fica a duas ruas da minha casa. Lembrei-me de uma música antiga que falava sobre comprar pão e reconhecer o amor ou coisa parecida.
“Magnus é você mesmo?”. “Carmem, o destino me sorriu ao fazer esse encontro”. Conversamos por pouco menos de dez minutos. Ela me convidou para jantar na sua casa. Tinha uma surpresa para mim. Realmente foi uma surpresa. Viúva e com dois filhos. Martin seu filho mais novo com nove anos e Madalena com dez. Ela tinha perdido o marido a pouco mais de três meses. Ainda estava um pouco desolada. Conversamos sobre a morte de seu marido, sobre meu divorcio, sobre a morte prematura de meu filho. Terminamos a noite com uma retribuição do convite. No outro dia ela e seus filhos iriam jantar na minha casa.
segunda-feira, fevereiro 06, 2006
Autobiografia de Magnus Corrêa e Casto - Parte VI
Postado por
Thyago C. Correia
às
17:41
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Um comentário:
isso sempre acaba assim né?
ja disse que detesto amores antigos, eternos ou infantis?
odeioooooooooo
beijo
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