Traição
Olho para seu corpo estendido na minha frente e demoro a acreditar. A policia chega depois de uma quase duas horas. Eles me enchem de pergunta e eu não consigo falar nada, apenas choro. Eles vêm meu desespero e me pedem para ir no outro dia para delegacia. Eu balanço a cabeça fazendo um sinal de afirmativo.
A arma do crime nunca foi encontrada, nem o assassino e nem o porque de terem matado ela. No outro dia na delegacia eu chorava desesperadamente. Respondi uma ou duas perguntas, que de nada ajudavam no caso. Chorava compulsivamente. Foram exatas três horas de perguntas e mais perguntas que minhas lágrimas não permitiram responder.
Começaram a surgir rumores sobre a morte dela. Alguns diziam que um ladrão entrou deu de cara com ela, a matou e correu de medo sem levar nada. Eu gostava disso. Adorava que criassem rumores. Os rumores afastam da verdade. A essa altura eu já tinha parado de chorar. Já tinham se passado doze meses. Eu já me aventurava com uma bela morena. Trinta anos mais nova que eu.
O que não sabiam é que tínhamos um caso a dois anos. Minha mulher era uma bela mulher quando nos casamos. Sempre foi uma boa esposa. Quando se chega aos trinta anos de casamento. Aos cinqüenta anos de vida. Uma bela mulher bem mais nova sempre acaba encantando. Matei minha mulher para casar com ela. Como eu sabia exatamente como funcionavam as investigações pude burlá-las.
Casei-me com a jovem. Fomos morar numa cidade longe dali. Longe dos olhos de desaprovação dos meus vizinhos ao ver um velho com uma jovem mulher bonita. Sempre acreditei que fosse inveja. Dinheiro não era problema. Eu tinha o suficiente pra quatro ou cinco gerações. Nunca tive um filho.
Um belo dia saí para resolver algumas coisas no banco. Cheguei mais cedo que o previsto. Encontrei minha jovem esposa transando com um cara na mesa da minha sala. Pensei em matá-los na mesma hora. Mas minhas mãos tremiam. Matei a mulher mais doce que já tinha conhecido para ficar com essa vadia que me traia.
Eles continuaram fazendo sexo até gozarem comigo ali, parado na sala vendo tudo. Depois de terminarem de fazer sexo, me olharam e ela falou: “Temos um caso antigo, antes de conhecer você”. Eu puxei minha. Eles tremiam. “Com essa arma eu matei minha ex-mulher, penso que com ela matarei vocês”. Eu podia ouvir seus ossos tremendo. Ela olhou pra mim e pediu. “Por favor, me perdoa, eu nunca mais farei isso”.
Eu tinha essa certeza. Ela nunca mais iria me trair. Sorri e perdoei. Deixei ele chegar até a esquina. Eu olhava pela porta. Ela estava do meu lado. Entrei e voltei a pegar minha arma. Olhei pra ela e disse: “Tenho certeza que você não vai mais me trair”. Pode-se ouvir o estouro do tiro a umas três quadras. O maldito voltou correndo.
Quando uma jovem de vinte um anos vê seu marido dar um tiro na própria cabeça ela sempre pega a arma. Eu sabia disso. O que não imaginei foi que o idiota do seu amante tomaria a arma dela. Ela ficaria rica se não tivesse pegado na arma. A policia realmente não acreditou que os dois não tivessem me dando um tiro na cabeça.
Ela pegou vinte anos de detenção sem chance de condicional. Ele pegou outros vinte anos de detenção sem chance de condicional. Como não tinha mais nenhum parente vivo meu dinheiro foi para uma instituição de caridade. Assassinos de seus conjugues não ficam com a herança. Morto e com ela presa eu sei. Nunca mais serei traído.
Thyago C Correia
segunda-feira, julho 17, 2006
Traição
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Thyago C. Correia
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22:55
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