terça-feira, novembro 11, 2008

Ensaiando para ser eu

Dando um tempo nos contos e poemas, ainda vou terminar o conto que comecei aqui, vai um ensaio pra ser eu.

ENSAIO SOBRE A MEDIOCRIDADE

"A cada bela impressão que causamos, conquistamos um inimigo. Para ser popular, é indispensável ser medíocre”.
Oscar Wilde


Quem já não desejou ser popular? Na escola, na academia, na rua em que mora, a ideia de ser popular é algo que move as pessoas, mas a que preço? Qual o preço da popularidade? Por que motivo você deseja ser popular? Como deseja ser lembrado? Oscar Wilde parece atingir a máxima verdade sobre o assunto, não sei o caso de vocês, meus ávidos leitores¹ , mas eu me vejo desarmado diante da afirmação do Oscarzinho² , quantas vezes fui medíocre pensando em ser popular, perdi as contas.
Não que todo cara popular seja medíocre, não creio nisso, mas porque razão, mas como se chegou aí, que caminho traçou, o caminho mais fácil é o da mediocridade, eu fui medíocre inúmeras vezes, não falo isso com orgulho, mas com autoridade de quem já foi medíocre e não é mais, pelo menos creio não ser mais.
Eu sou um pouco índio, todos deviam ser, eu sei receber um elogio e sei quando sou bom em alguma coisa, saber receber um elogio é algo que parece ser fácil, todo mundo sabe, pode pensar você meu leitor mais descuidado, mas é algo difícil e raro, sabe quando alguém te fala, “Que camisa linda” e você responde “Que isso, ela é velha”, você prova que não sabe receber um elogio, você não tem em si um índio.
O índio quando recebe um elogio agradece e se felicita, “Que camisa linda”, o índio³ responde, “Também acho, o que você gostou nela”, muitos podem achar que o índio é um boçal convencido, quando na verdade ele é um feliz admirador de seus admiradores, o índio, além de receber bem os elogios, também sabe quando é bom em algo e nunca perde a oportunidade de falar, “Ei, estou aqui e sou muito bom nisso”, novamente pensaram mal do índio.
A cada bela impressão, um inimigo, fala Oscarzinho, o mundo falido, sem vontade, sem amor, sem desejo, o mundo que se afunda e não sabe o valor de ser grande, abomina a ideia de alguém ser grande, alguns dizem, seja grande, mas, por favor, nunca diga que é, talvez assim possamos suportar seu sucesso, fique sempre calado e talvez, só talvez te deixemos em paz. A cada bela impressão, um inimigo.
Os medíocres se juntam com os medíocres, assim como os vencedores se juntam com os vencedores, é algo inexplicável, mas realmente é assim que funciona, para ser popular é preciso ser medíocre, existem poucos grandes, existem poucos que valem à pena, os medíocres estão em todos os cantos, como uma praga, devorando tudo.
Estão na rua de casa, “Aquele cara se acha, só porque tem uma casa assim assado, acha que é mais que os outros”, estão na sala de aula, “Olha lá fulano o preferidinho da professora, se achando só porque sabe fazer isso”, estão no trabalho, “O babão foi promovido”, eles não perdoam, querem dominar o mundo, não percebem que sua mediocridade não os ajuda, sua inveja é destrutiva.
Os medíocres não querem ser grandes com você, querem que você seja pequeno como eles, querem que você se diminua, querem que você deixe de crescer, esqueça o sucesso, se preocupe com algo melhor, afinal ser popular é muito mais importante do que ser grande.


¹N.A. Que leitores perderiam tempo em ler os devaneios dessa minha mente atormentada.
²N.A. Gosto de tratar pelo diminutivo, meus ídolos, uma forma de me aproximar deles.
³N.A. Leiam, Thyago Correia, seu escritor preferido...

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